Pedras com Vida

Para dar voz a todas as pedras que se cruzam nos nossos caminhos, e para que se olhe primeiro para elas antes de se dar um chuto! Aqui irei mostrar alguns exemplos de pedras com vida e história, encontradas em sítios que visitei!

Saturday, March 17, 2007

Antigo Edifício da Fábrica Ach. Brito & Claus

O património industrial tem vindo a tornar-se ao longo do tempo uma matéria com cada vez maior interesse de estudo uma vez que os monumentos, fábricas e vestígios industriais da primeira e segunda revolução industrial, são considerados como os novos bens culturais equiparados ao património histórico e cultural clássico. O antigo edificio da Fábrica Ach. Brito & Claus era um exemplo deste património industrial, que foi demolido quase na sua totalidade, foram mantidas apenas as fachadas principais do edificio e uma das chaminés. Neste espaço nasceu um complexo habitacional de luxo.





A sua origem remonta aos finais do século XIX, mais precisamente a 1887, quando Ferdinand Claus que já tinha dado provas de trabalho e conhecimento da situação desta indústria, juntamente com Georges PH. Schweder (químico), fundam no Porto a Fábrica Claus & Schweder, iniciando desta forma a Indústria de Perfumarias e Sabonetes em Portugal.
Quando chegam cá, ainda o consumo de sabonetes e perfumes era diminuto ou quase nulo entre a população portuguesa, devido às precárias condições domésticas de higiene existentes.
A Fábrica de Produtos Quimicos de Claus e Schweder, como era conhecida, começou por fabricar sabonetes transparentes e mais tarde sabonetes finos com uma variedade de aromas e tonalidades.
Os seus produtos tinham a marca de FPC (as iniciais de Fábrica de Produtos Chimicos), como forma de poder fazer frente ao espirito português de depreciação dos produtos nacionais em prol dos estrangeiros. Desta forma, mantinham o anonimato relativamente á origem dos sabonetes e perfumes conquistando a preferência não só dos consumidores como dos revendedores. Contudo, este segredo viria a ser descoberto, com um incidente que nos é relatado no livro de comemoração das bodas de ouro da Claus & Ach. Brito, quando a senhora que costumava transportar as caixas de cartão onde eram acondicionados os sabonetes, que eram fabricadas fora.«...ao atravessar o largo do Carmo no caminho para a Fábrica na Rua de Serpa Pinto, tropeçou, caiu, com ela a grade cheia de caixas, estas espalharam-se pelo chão,....e logo quis o destino que passasse nesse instante por ali um dos seus revendedores». Ao descobrir que afinal os sabonetes não vinham do estrangeiro , este revendedor terá ido a correr ao escritório de Claus, demonstrando a sua indignação. «Claus, porém, com o seu fino tato e com a razão que lhe assistia, não teve dificuldades de maior em fazer-lhe ver a necessidade dêsse inocente e legítimo subterfúgio, num país onde a mania de adorar o que é estrangeiro e de malsinar o que é nacional, teriam de outra forma impedido a criação da sua indústria. E o “descobridor” prometeu guardar segredo e continuar a comprar os mesmo sabonetes “estrangeiros” que tam bons eram e tanta aceitação já principiavam a ter...»

Esta pequena mas próspera indústria, iniciou-se de forma modesta na «Rua de São Denis, perto do antigo matadouro, num armazém de uma única e grande porta.... num recinto amplo com uma pequena caldeira de vapor, recipientes indispensáveis para o fabrico e acabamento dos produtos...»

Mais tarde em 1891, a fabrica passaria para a Rua Serpa Pinto onde se construi uma fábrica dotada de máquinas de vanguarda.
O progresso desta fabrica fazia-se sentir e estabeleceu-se em Lisboa um depósito geral. No Porto, o depósito geral esteve na Rua Sá da Bandeira nº 183 até 1904, ano em que passou a estar junto á fábrica num anexo.
Com a saída de Georges PH. Schweder em 1903 da firma, é dada a gerência da mesma ao colaborador de Claus, Achilles de Brito. Por sua vez a direcção técnica ficaria a cargo de Willy Thessen, um perfumista-químico diplomado que viria a integrar em 1920 a Ach. Brito & Companhia.
Com a popularidade dos sabonetes até então considerado produto de luxo, a fábrica entra num período de expansão. As condições de higiene também sofrem mudanças, com o surgimento dos lavatórios com bacias de louça fixas e banheiras esmaltadas, contribuindo tudo isto para o sucesso desta indústria.
O Período da 1º Guerra Mundial e todas as perturbações socais, políticas e económicas da Europa, também se reflectiu na fábrica devido á nacionalidade alemã dos seus sócios, levando a que a Claus & Schweder fosse leiloada.
Dois anos depois, em 1918 Achilles Brito e o seu irmão Affonso Alves de Brito, decide criar a sua fábrica, fruto dos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo que trabalhou na Claus & Schweder. Nascia assim a Ach. Brito & Companhia na Av. de França, uma fábrica moderna semelhante ás existentes em França.


Não contente com a modernidade da sua fábrica, em 1925 é adquirida a antiga Fábrica Claus da Rua de Serpa Pinto, pela família Achilles Brito, recuperando-se as máquinas, armazéns, caldeiras, etc, e também alguns dos seus sabonetes e perfumes, que foram modernizados, alguns substituídos e criadas novas marcas.
O slogan que tão bem caracterizou a Claus & Ach. Brito neste período «Não se fabrica melhor nem tam Bom!» demonstrava o sucesso da mesma. Tudo parecia a favor da sua afirmação e favorecida pelo proteccionismo da economia portuguesa nos anos 40/50, impedindo a concorrência externa, a fábrica conseguiu a liderança do mercado doméstico. Em 1968 aquando da celebração das suas bodas de ouro, era bem representativo o seu papel na indústria portuguesa, como demonstra uma pequena edição da Fábrica alusiva a esta data, onde se intitulavam como: “A maior, melhor e mais experiente fábrica de perfumaria de Portugal: Ach. Brito “.


Porém além fronteiras o seu sucesso também se fazia sentir, sendo o mercado estrangeiro constituído sobretudo pelas colónias do Ultramar e alguns países como Inglaterra e Estados Unidos América.
A actividade da Claus & Ach. Brito viria a ser ampliada em 1953, passando a ter agora uma litografia localizada ao lado da Fábrica na Av. de França, destinada a fabricar os rótulos e embalagens dos produtos por eles produzidos.
A litografia também dotada de equipamento moderno, teve igualmente a sua expansão, passando a imprimir rótulos para outras conhecidas empresas como a Sandman, a Tabaqueira e a Real Vinícola.
Sabe-se que a fábrica chegou a ter cerca de 300 funcionários, o que revela a sua dimensão no mercado da indústria de perfumes e cosmética na época.

Com a morte do sócio fundador Achilles Alves de Brito em 1949 e mais tarde do seu irmão Affonso Alves de Brito em 1962, também Willy Thessen acabaria por se retirar da fábrica por questões de saúde. A firma ficaria a pertencer agora exclusivamente aos herdeiros de Achilles de Brito: Achilles José Alves de Brito e seus filhos Achilles Delfim Ferreira de Brito e Delfim Ferreira de Brito, sob a mesma designação: Ach. Brito & Companhia.
O declínio da fábrica iniciar-se-ia na década de 60, face ás mudanças políticas de descolonização e a consequente perda dos tão importantes mercados do Ultramar e a entrada de concorrentes estrangeiros.
O surgimento nos anos 80 da distribuição moderna, conduziu ao estrangulamento do mercado da Ach. Brito. Desta forma, em 1994, o neto de Achilles de Bito, Delfim de Brito, vende a sua parte as sobrinhos que passam a liderar a empresa. Para conseguir ultrapassar os maus momentos por que esta fábrica atravessava, é encerrada a litografia em 1996, como forma de centralizar o negócio na produção de produtos de higiene. Na sequência desta estratégia, são despedidos mais de metade dos trabalhadores e são obrigados a recorrer à subcontratação e substituição de algumas das máquinas e por fim vender o edifício da Fábrica, que presentemente foi demolido. As instalações transferem-se para o concelho de Vila do Conde, onde presentemente continuam a laborar, possuindo os seus produtos da linha Claus um sucesso enorme no estrangeiro principalmente nos EUA , possuindo uma imagem de marca associada à qualidade e à forma artesanal com que o produto é apresentado, à maneira antiga.

A beleza do Douro

Algumas fotos do Douro na zona do Pinhão! Um paraíso nacional, as fotos falam por si!


























Sunday, February 11, 2007

Caminha

Durante trabalhos arqueológicos desenvolvidos em Caminha, aproveitei para fotografar alguns dos principais monumentos/edificios do centro histórico. Na altura (2005) decorriam obras de reabilitação e restauro na igreja matriz de Caminha (levadas a cabo pelo IPPAR), assim como trabalhos de consevação/restauro no chafariz localizado no largo do Terreiro. Constitui uma boa peça de arte renascentista portuguesa da primeira metade do séc. XVI.

Caminha foi fundada na Idade Média, tendo a zona mais antiga da vila crescido dentro de uma muralha que envolvia a zona que tem como eixo actual a Rua Ricardo Joaquim de Sousa (Rua direita) e como limites laterais aproximadamente a Rua de S. João e um pano de muralhas ainda hoje existentes entre a Rua Barão de S. Roque e a Rua do Condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Caminha fará parte do conjunto de fundações Afonsinas de reorganização do território e das povoações, reagrupadas e dotadas de meios de defesa apropriados à consolidação da nacionalidade.
A muralha medieval de forma oval e organizada em pavilhões rectangulares segundo o modelo urbanístico ortogonal francês, foi mandada construir, como nos descreve o desenho de Duarte D’Armas de 1506, por D. Afonso III e terminada por D. Dinis. Esta teria 13 torres, sendo apenas 3 delas de maiores dimensões: a torre do Relógio, a da Piedade e a do Cais ou Marquês. A torre do Relógio é a única que existe actualmente, dando acesso à parte medieval da vila.
A igreja Matriz, datada do século XV foi construída com a fachada muito perto da muralha, existindo apenas uma pequena viela entre ambas.







Igreja Matriz de Caminha










cintura de muralha frontal à Igreja Matriz foi também alvo de remodelação, pela autoria de Miguel de Lascole, passando a formar aí um revelim e um fortim com armazém e paiol e uma plataforma para manobrar peças de artilharia








Torre do Relógio



Casa dos Pittas, datada de meados do século XVII com estilo neo-manuelino

Mais uma visita histórica - Guimarães

Deixo algumas fotos de Guimarães, visita realizada numa das expedições histórico-arqueológicas de fim-de-semana! Por acaso até foi num feriado, e portanto quer o castelo, quer o Paços dos Duques estavam fechados para visita!

























































Conimbríga revisitada - Parte II

o que não apreciei:

- O restaurante do Museu estar encerrado, já tinha saudades dos manjares romanos que lá servem.
- A estagnação do Museu, pareceu-me estar igual desde a última visita, não vi novas peças, novas dinâmicas, sei lá ...... um pouco de inovação!
- As estruturas de restauro introduzidas no local, que destoam imenso na paisagem, não se confundindo com as originais! Talvez um aspecto um pouco menos "novo" funcionasse melhor! As fotos falam por si.















































Saturday, February 10, 2007

Conimbríga revisitada - Parte I

No passado mês de Outubro 2006 foi com prazer que revisitei Conimbríga!

O que gostei:
- rever o excelente espólio patente no Museu (embora não tenha visto grandes mudanças no museu desde 2001, a última visita realizada antes desta em 2006)
- A existência de visitantes, não só portugueses mas também estrangeiros, alguns dos quais constituidos por famílias, de salutar a vinda de crianças a espaços tão agradáveis e interessantes quanto este. Aliás este espaço aprazivel convida aos visitantes a pequenos piqueniques, como pude constatar.
- Relembrar a os fabulosos mosaicos romanos
- Verificar que as campanhas de escavação neste sítio arqueológico continuam



























































Mais alguma pseudo-arte!

Após algum tempo ausente, retomei o contacto com as pedras virtuais, apresentando mais alguma pseudo-arte made by me!












título: fragmento
técnica: aguarela
















sem título
técnica:aguarela




















título: santa luzia
técnica:aguarela


















título: placa de xisto
técnica:aguarela





Friday, September 29, 2006

Matosinhos Medieval

No passado fim-de-semana de 8, 9 e 10 de Setembro realizou-se junto ao Mosteiro de Leça do Bailio, em Matosinhos um evento designado "Os hospitalários nos caminhos de santiago!"
A sessão de abertura foi acompanhada de uma conferência onde foram debatidos temas alusivos tema do evento! A feira medieval decorreu na envolvência do mosteiro, com várias actividades, animação cultural, recriações, as habituaias tasquinhas, concertos etc. No encerramento do evento foi realizada a recriação do casamento de D. Leonor com D. Fernando que ocorreu neste mosteiro.
Algumas fotos que comprovam a qualidade do evento e o seu sucesso. Para quem não conhece o mosteiro, vale a pena visitar, é um dos mais bem preservados em Portugal no estilo gótico.



























































Sunday, September 24, 2006

Pseudo-artista arqueológico

Já não actualizava isto há montes de tempo! A preguiça de seleccionar fotos, a ausência por questões profissionais e pessoais, etc.. deixaram as pedras temporariamente sem vida! Durante esta minha ausência tenho dedicado algum tempo ás artes plásticas! Deixo aqui algumas pseudo-pinturas a aguarela feitas por mim, de inspiração arqueológica como é óbvio! com arte rupestre e egipcia á mistura! :) Os pincéis não servem só para limpar os artefactos encontrados nas escavações :)








































Monday, February 27, 2006

Em Barcelos as pedras também cantam!

Por terras de Barcelos, pode-se visitar o designado Museu Arqueológico ao ar livre, onde se podem ver estes belos exemplares!




















































Sunday, February 26, 2006

Pedras da Bracara Augusta

A visita á Sé de Braga permitiu fotografar algumas pedras com vida, mas também outros seres vivos cuja beleza não pode escapar á máquina fotográfica :)
































Pedras no seu estado quase selvagem!

Aqui vão mais umas fotos numa daquelas expedições de fim-de-semana que costumo fazer! Desta vez fui em busca da cividade de âncora, localizada na bela localidade de Praia de âncora em Caminha. Apesar da sinalização com placas de madeira da referida cividade, o certo é que ainda demorei a encontrá-la por entre silvas e vegetação densa (vejam como eu quase me perdi no meio do mato, e as sandálias que usava também não ajudaram nada, mas era verão e deixei as botas em casa)!Afinal restavam apenas algumas estruturas habitacionais sobretudo circulares.