Antigo Edifício da Fábrica Ach. Brito & Claus
O património industrial tem vindo a tornar-se ao longo do tempo uma matéria com cada vez maior interesse de estudo uma vez que os monumentos, fábricas e vestígios industriais da primeira e segunda revolução industrial, são considerados como os novos bens culturais equiparados ao património histórico e cultural clássico. O antigo edificio da Fábrica Ach. Brito & Claus era um exemplo deste património industrial, que foi demolido quase na sua totalidade, foram mantidas apenas as fachadas principais do edificio e uma das chaminés. Neste espaço nasceu um complexo habitacional de luxo.
A sua origem remonta aos finais do século XIX, mais precisamente a 1887, quando Ferdinand Claus que já tinha dado provas de trabalho e conhecimento da situação desta indústria, juntamente com Georges PH. Schweder (químico), fundam no Porto a Fábrica Claus & Schweder, iniciando desta forma a Indústria de Perfumarias e Sabonetes em Portugal.
Quando chegam cá, ainda o consumo de sabonetes e perfumes era diminuto ou quase nulo entre a população portuguesa, devido às precárias condições domésticas de higiene existentes.
A Fábrica de Produtos Quimicos de Claus e Schweder, como era conhecida, começou por fabricar sabonetes transparentes e mais tarde sabonetes finos com uma variedade de aromas e tonalidades.
Os seus produtos tinham a marca de FPC (as iniciais de Fábrica de Produtos Chimicos), como forma de poder fazer frente ao espirito português de depreciação dos produtos nacionais em prol dos estrangeiros. Desta forma, mantinham o anonimato relativamente á origem dos sabonetes e perfumes conquistando a preferência não só dos consumidores como dos revendedores. Contudo, este segredo viria a ser descoberto, com um incidente que nos é relatado no livro de comemoração das bodas de ouro da Claus & Ach. Brito, quando a senhora que costumava transportar as caixas de cartão onde eram acondicionados os sabonetes, que eram fabricadas fora.«...ao atravessar o largo do Carmo no caminho para a Fábrica na Rua de Serpa Pinto, tropeçou, caiu, com ela a grade cheia de caixas, estas espalharam-se pelo chão,....e logo quis o destino que passasse nesse instante por ali um dos seus revendedores». Ao descobrir que afinal os sabonetes não vinham do estrangeiro , este revendedor terá ido a correr ao escritório de Claus, demonstrando a sua indignação. «Claus, porém, com o seu fino tato e com a razão que lhe assistia, não teve dificuldades de maior em fazer-lhe ver a necessidade dêsse inocente e legítimo subterfúgio, num país onde a mania de adorar o que é estrangeiro e de malsinar o que é nacional, teriam de outra forma impedido a criação da sua indústria. E o “descobridor” prometeu guardar segredo e continuar a comprar os mesmo sabonetes “estrangeiros” que tam bons eram e tanta aceitação já principiavam a ter...»
Esta pequena mas próspera indústria, iniciou-se de forma modesta na «Rua de São Denis, perto do antigo matadouro, num armazém de uma única e grande porta.... num recinto amplo com uma pequena caldeira de vapor, recipientes indispensáveis para o fabrico e acabamento dos produtos...»
Mais tarde em 1891, a fabrica passaria para a Rua Serpa Pinto onde se construi uma fábrica dotada de máquinas de vanguarda.
O progresso desta fabrica fazia-se sentir e estabeleceu-se em Lisboa um depósito geral. No Porto, o depósito geral esteve na Rua Sá da Bandeira nº 183 até 1904, ano em que passou a estar junto á fábrica num anexo.
Com a saída de Georges PH. Schweder em 1903 da firma, é dada a gerência da mesma ao colaborador de Claus, Achilles de Brito. Por sua vez a direcção técnica ficaria a cargo de Willy Thessen, um perfumista-químico diplomado que viria a integrar em 1920 a Ach. Brito & Companhia.
Com a popularidade dos sabonetes até então considerado produto de luxo, a fábrica entra num período de expansão. As condições de higiene também sofrem mudanças, com o surgimento dos lavatórios com bacias de louça fixas e banheiras esmaltadas, contribuindo tudo isto para o sucesso desta indústria.
O Período da 1º Guerra Mundial e todas as perturbações socais, políticas e económicas da Europa, também se reflectiu na fábrica devido á nacionalidade alemã dos seus sócios, levando a que a Claus & Schweder fosse leiloada.
Dois anos depois, em 1918 Achilles Brito e o seu irmão Affonso Alves de Brito, decide criar a sua fábrica, fruto dos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo que trabalhou na Claus & Schweder. Nascia assim a Ach. Brito & Companhia na Av. de França, uma fábrica moderna semelhante ás existentes em França.
A Fábrica de Produtos Quimicos de Claus e Schweder, como era conhecida, começou por fabricar sabonetes transparentes e mais tarde sabonetes finos com uma variedade de aromas e tonalidades.
Os seus produtos tinham a marca de FPC (as iniciais de Fábrica de Produtos Chimicos), como forma de poder fazer frente ao espirito português de depreciação dos produtos nacionais em prol dos estrangeiros. Desta forma, mantinham o anonimato relativamente á origem dos sabonetes e perfumes conquistando a preferência não só dos consumidores como dos revendedores. Contudo, este segredo viria a ser descoberto, com um incidente que nos é relatado no livro de comemoração das bodas de ouro da Claus & Ach. Brito, quando a senhora que costumava transportar as caixas de cartão onde eram acondicionados os sabonetes, que eram fabricadas fora.«...ao atravessar o largo do Carmo no caminho para a Fábrica na Rua de Serpa Pinto, tropeçou, caiu, com ela a grade cheia de caixas, estas espalharam-se pelo chão,....e logo quis o destino que passasse nesse instante por ali um dos seus revendedores». Ao descobrir que afinal os sabonetes não vinham do estrangeiro , este revendedor terá ido a correr ao escritório de Claus, demonstrando a sua indignação. «Claus, porém, com o seu fino tato e com a razão que lhe assistia, não teve dificuldades de maior em fazer-lhe ver a necessidade dêsse inocente e legítimo subterfúgio, num país onde a mania de adorar o que é estrangeiro e de malsinar o que é nacional, teriam de outra forma impedido a criação da sua indústria. E o “descobridor” prometeu guardar segredo e continuar a comprar os mesmo sabonetes “estrangeiros” que tam bons eram e tanta aceitação já principiavam a ter...»
Esta pequena mas próspera indústria, iniciou-se de forma modesta na «Rua de São Denis, perto do antigo matadouro, num armazém de uma única e grande porta.... num recinto amplo com uma pequena caldeira de vapor, recipientes indispensáveis para o fabrico e acabamento dos produtos...»
Mais tarde em 1891, a fabrica passaria para a Rua Serpa Pinto onde se construi uma fábrica dotada de máquinas de vanguarda.
O progresso desta fabrica fazia-se sentir e estabeleceu-se em Lisboa um depósito geral. No Porto, o depósito geral esteve na Rua Sá da Bandeira nº 183 até 1904, ano em que passou a estar junto á fábrica num anexo.
Com a saída de Georges PH. Schweder em 1903 da firma, é dada a gerência da mesma ao colaborador de Claus, Achilles de Brito. Por sua vez a direcção técnica ficaria a cargo de Willy Thessen, um perfumista-químico diplomado que viria a integrar em 1920 a Ach. Brito & Companhia.
Com a popularidade dos sabonetes até então considerado produto de luxo, a fábrica entra num período de expansão. As condições de higiene também sofrem mudanças, com o surgimento dos lavatórios com bacias de louça fixas e banheiras esmaltadas, contribuindo tudo isto para o sucesso desta indústria.
O Período da 1º Guerra Mundial e todas as perturbações socais, políticas e económicas da Europa, também se reflectiu na fábrica devido á nacionalidade alemã dos seus sócios, levando a que a Claus & Schweder fosse leiloada.
Dois anos depois, em 1918 Achilles Brito e o seu irmão Affonso Alves de Brito, decide criar a sua fábrica, fruto dos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo que trabalhou na Claus & Schweder. Nascia assim a Ach. Brito & Companhia na Av. de França, uma fábrica moderna semelhante ás existentes em França.
Não contente com a modernidade da sua fábrica, em 1925 é adquirida a antiga Fábrica Claus da Rua de Serpa Pinto, pela família Achilles Brito, recuperando-se as máquinas, armazéns, caldeiras, etc, e também alguns dos seus sabonetes e perfumes, que foram modernizados, alguns substituídos e criadas novas marcas.
O slogan que tão bem caracterizou a Claus & Ach. Brito neste período «Não se fabrica melhor nem tam Bom!» demonstrava o sucesso da mesma. Tudo parecia a favor da sua afirmação e favorecida pelo proteccionismo da economia portuguesa nos anos 40/50, impedindo a concorrência externa, a fábrica conseguiu a liderança do mercado doméstico. Em 1968 aquando da celebração das suas bodas de ouro, era bem representativo o seu papel na indústria portuguesa, como demonstra uma pequena edição da Fábrica alusiva a esta data, onde se intitulavam como: “A maior, melhor e mais experiente fábrica de perfumaria de Portugal: Ach. Brito “.
O slogan que tão bem caracterizou a Claus & Ach. Brito neste período «Não se fabrica melhor nem tam Bom!» demonstrava o sucesso da mesma. Tudo parecia a favor da sua afirmação e favorecida pelo proteccionismo da economia portuguesa nos anos 40/50, impedindo a concorrência externa, a fábrica conseguiu a liderança do mercado doméstico. Em 1968 aquando da celebração das suas bodas de ouro, era bem representativo o seu papel na indústria portuguesa, como demonstra uma pequena edição da Fábrica alusiva a esta data, onde se intitulavam como: “A maior, melhor e mais experiente fábrica de perfumaria de Portugal: Ach. Brito “.
Porém além fronteiras o seu sucesso também se fazia sentir, sendo o mercado estrangeiro constituído sobretudo pelas colónias do Ultramar e alguns países como Inglaterra e Estados Unidos América.
A actividade da Claus & Ach. Brito viria a ser ampliada em 1953, passando a ter agora uma litografia localizada ao lado da Fábrica na Av. de França, destinada a fabricar os rótulos e embalagens dos produtos por eles produzidos.
A litografia também dotada de equipamento moderno, teve igualmente a sua expansão, passando a imprimir rótulos para outras conhecidas empresas como a Sandman, a Tabaqueira e a Real Vinícola.
Sabe-se que a fábrica chegou a ter cerca de 300 funcionários, o que revela a sua dimensão no mercado da indústria de perfumes e cosmética na época.
Com a morte do sócio fundador Achilles Alves de Brito em 1949 e mais tarde do seu irmão Affonso Alves de Brito em 1962, também Willy Thessen acabaria por se retirar da fábrica por questões de saúde. A firma ficaria a pertencer agora exclusivamente aos herdeiros de Achilles de Brito: Achilles José Alves de Brito e seus filhos Achilles Delfim Ferreira de Brito e Delfim Ferreira de Brito, sob a mesma designação: Ach. Brito & Companhia.
O declínio da fábrica iniciar-se-ia na década de 60, face ás mudanças políticas de descolonização e a consequente perda dos tão importantes mercados do Ultramar e a entrada de concorrentes estrangeiros.
O surgimento nos anos 80 da distribuição moderna, conduziu ao estrangulamento do mercado da Ach. Brito. Desta forma, em 1994, o neto de Achilles de Bito, Delfim de Brito, vende a sua parte as sobrinhos que passam a liderar a empresa. Para conseguir ultrapassar os maus momentos por que esta fábrica atravessava, é encerrada a litografia em 1996, como forma de centralizar o negócio na produção de produtos de higiene. Na sequência desta estratégia, são despedidos mais de metade dos trabalhadores e são obrigados a recorrer à subcontratação e substituição de algumas das máquinas e por fim vender o edifício da Fábrica, que presentemente foi demolido. As instalações transferem-se para o concelho de Vila do Conde, onde presentemente continuam a laborar, possuindo os seus produtos da linha Claus um sucesso enorme no estrangeiro principalmente nos EUA , possuindo uma imagem de marca associada à qualidade e à forma artesanal com que o produto é apresentado, à maneira antiga.
A actividade da Claus & Ach. Brito viria a ser ampliada em 1953, passando a ter agora uma litografia localizada ao lado da Fábrica na Av. de França, destinada a fabricar os rótulos e embalagens dos produtos por eles produzidos.
A litografia também dotada de equipamento moderno, teve igualmente a sua expansão, passando a imprimir rótulos para outras conhecidas empresas como a Sandman, a Tabaqueira e a Real Vinícola.
Sabe-se que a fábrica chegou a ter cerca de 300 funcionários, o que revela a sua dimensão no mercado da indústria de perfumes e cosmética na época.
Com a morte do sócio fundador Achilles Alves de Brito em 1949 e mais tarde do seu irmão Affonso Alves de Brito em 1962, também Willy Thessen acabaria por se retirar da fábrica por questões de saúde. A firma ficaria a pertencer agora exclusivamente aos herdeiros de Achilles de Brito: Achilles José Alves de Brito e seus filhos Achilles Delfim Ferreira de Brito e Delfim Ferreira de Brito, sob a mesma designação: Ach. Brito & Companhia.
O declínio da fábrica iniciar-se-ia na década de 60, face ás mudanças políticas de descolonização e a consequente perda dos tão importantes mercados do Ultramar e a entrada de concorrentes estrangeiros.
O surgimento nos anos 80 da distribuição moderna, conduziu ao estrangulamento do mercado da Ach. Brito. Desta forma, em 1994, o neto de Achilles de Bito, Delfim de Brito, vende a sua parte as sobrinhos que passam a liderar a empresa. Para conseguir ultrapassar os maus momentos por que esta fábrica atravessava, é encerrada a litografia em 1996, como forma de centralizar o negócio na produção de produtos de higiene. Na sequência desta estratégia, são despedidos mais de metade dos trabalhadores e são obrigados a recorrer à subcontratação e substituição de algumas das máquinas e por fim vender o edifício da Fábrica, que presentemente foi demolido. As instalações transferem-se para o concelho de Vila do Conde, onde presentemente continuam a laborar, possuindo os seus produtos da linha Claus um sucesso enorme no estrangeiro principalmente nos EUA , possuindo uma imagem de marca associada à qualidade e à forma artesanal com que o produto é apresentado, à maneira antiga.
1 Comments:
Olá Pedrinha. Não te conhecerei, porventura? Eu tenho 43 anos, não somos da mesma geração, pois não?
É que o mundo é pequeno e como somos ambos de Mangualde...
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